Andragogia é a arte ou ciência de orientar adultos a
aprender, segundo a definição creditada a Malcolm Knowles, no artigo intitulado «Andragogy, not Pedagogy» publicado em 1967.
A andragogia
constitui um modelo de educação de adultos a ter em consideração na prática
educativa, em contraposição à pedagogia, que se refere à educação de crianças
(do grego paidós, criança).
O professor
tradicional passou a ser um facilitador de aprendizagem que está sempre
presente no processo de aprendizagem e possui elevadas responsabilidades de
orientação e facilitação deste processo. Por outro lado, o aprendente adulto é
considerado como alguém responsável, ativo, participante e internamente
motivado para a realização de aprendizagens.
Knowles
condensou os principais pressupostos da andragogia e contrastou-os com os
pressupostos pedagógicos. Através deste contraste, o autor procurou salientar a
inadequação da ideologia pedagógica na lide com adultos e a necessidade de
implementar um modelo inovador e mais pragmático. Contudo, a aproximação das
duas perspetivas que Knowles opera não se baseia na aceitação da pedagogia como
um modelo adequado em determinadas circunstâncias, mas na suposição de que o
modelo andragógico engloba o modelo pedagógico e que, por isso, os adultos
podem encetar aprendizagens tendo por base este modelo, mas com o propósito de
evoluir para a utilização do modelo andragógico.
Desta forma,
podemos dizer que a distinção entre a atuação de um pedagogo e um andragogo
resulta da aplicação do método pedagógico, enquanto que o pedagogo o aplica
escrupulosamente, o andragogo procura que os aprendentes se responsabilizem,
progressivamente, pelas suas próprias aprendizagens.
Com efeito,
este modelo baseia-se em cinco premissas de base acerca das características dos
aprendentes adultos, que os diferenciam das crianças, a saber os adultos:
a) necessitam de saber o motivo pelo qual devem realizar
certas aprendizagens;
b) aprendem melhor experimentalmente;
c) concebem a aprendizagem como resolução de problemas;
d) aprendem melhor quando o tópico possui valor imediato e
os motivadores mais potentes para a aprendizagem são internos.
Consequentemente,
para que haja aprendizagem é necessário estabelecer um clima propício. Isto
porque, os adultos, quando receosos ou ansiosos, inibem-se de se exprimirem.
Desta forma, só aprenderão com profundidade se sentirem que as suas diferenças
são respeitadas, que os seus erros não serão alvo de comentários e que a
colaboração é incentivada. Igualmente, a motivação dos estudantes deve ser
encorajada, bem como as relações de suporte interpessoal e de participação
interativa, promovendo‑se desta maneira a autoestima do aprendente.
Segundo
Knowles, o estabelecimento do clima é um dos elementos mais importantes, pois
se um facilitador e os aprendentes não atingirem um clima positivo, as
aprendizagens não serão facilitadas e o sucesso do trabalho, que iniciaram em
conjunto, encontra-se seriamente comprometido.
Contudo, o
aprendente tem que ter uma responsabilização progressiva nas suas
aprendizagens, daí a importância de estabelecer um contrato de aprendizagem,
onde ele é subtilmente desafiado a pensar porque é que pretende aprender algo.
Este contrato envolve o estudante na tomada de decisões acerca do que irá ser
aprendido, como será aprendido, quando, e na avaliação das aprendizagens,
fomentando a autodireção do aprendente bem como a sua autoestima.
Podemos ainda
acrescentar que, o facilitador de aprendizagem e o aprendente têm
responsabilidades no processo educativo:
O
facilitador de aprendizagem deve ter em conta que os adultos são muito
diferentes entre si e que são capazes de aprender. Daqui retira-se o argumento
de que na educação de adultos o facilitador não pode ser um mero transmissor de
conhecimentos, pois é da sua responsabilidade a adequação das aprendizagens aos
alunos, assim como contribuir para o desenvolvimento da autodireção das
aprendizagens. Este facilitador deve envolver os aprendentes no seu processo de
aprendizagem, ajudando-os a formular os seus próprios objetivos de
aprendizagem, pois os adultos nem sempre conseguem identificar as suas
necessidades de aprendizagem, nem conhecem os recursos e materiais a que podem
recorrer.
O
aprendente, por sua vez, deve perceber os objetivos de aprendizagem que foram
traçados como sendo seus e elaborar um plano prévio das aprendizagens que
pretende efetuar. Deve, ainda, procurar estar envolvido nas tomadas de decisão
relativas às diversas opções, sem esquecer que as aprendizagens efetuadas devem
possuir um sentido de progresso face aos objetivos estabelecidos, culminando
com a aplicação de procedimento de autoavaliação.
Todavia, o
desânimo face às novas aprendizagens é algo frequente na população adulta e, em
todos estes problemas, o facilitador deve ter respostas a dar, conselhos,
críticas ou simplesmente tempo para ouvir o aprendente e debater com ele o
evoluir do processo.
Por último,
o facilitador de aprendizagem não deve usar símbolos que associam a situação de
aprendizagem atual com as situações de aprendizagem dos adultos quando eram
crianças, de forma a não promover sensações agradáveis. O facilitador deve
procurar assumir-se num patamar simétrico ao do aprendente.
Assim, e
face ao exposto, considera-se que a andragogia constitui um modelo de educação
de adultos, claramente mais adequado a esses estudantes que a pedagogia
tradicional e pode ser aplicado numa grande variedade de atividades educativas.
Por sua vez, o facilitador de aprendizagem é uma entidade sempre presente e com
elevadas responsabilidades, sendo o seu auxílio diferente do tradicional; tal
como indica o célebre provérbio chinês “não lhes dá o peixe, ensina-os a
pescar”.
Pedagogia vs Andragogia
Pedagogia vs Andragogia
Referências Bibliográficas
Nogueira, S. M. (2004). A andragogia: Que contributos para a prática educativa? Revista Linhas.
Canário, R. (1999).
Educação de Adultos: um campo e uma problemática. Lisboa: Educa.
Osório, A (2003). Educação Permanente e Educação de Adultos. Lisboa: Horizontes Pedagógicos.
Osório, A (2003). Educação Permanente e Educação de Adultos. Lisboa: Horizontes Pedagógicos.
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